Antônio Pereira
Filho, conselheiro e membro do Conselho Consultivo do Centro de
Bioética do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp),
destaca o direito do paciente em ter uma segunda opinião. Para ele, é
importante que o médico tenha esse conhecimento e trate de maneira natural
quando a segunda opinião for solicitada. “O médico deve aprovar essa conduta, e em muitos
casos, até estimular”, diz.
Pereira reafirma,
também, a importância do médico que dá a segunda opinião de reconduzir o
paciente ao médico que deu o primeiro parecer, junto de um relatório com seus
pontos de vista. Para ele, o grande problema
ético acontece quando o médico emite a segunda opinião, dá o seu parecer e ele
mesmo continua o tratamento. “É condenável do ponto de vista ético e o Código
de Ética Médica nos diz não podemos fazer isso”.
Segundo
o Pereira, os próprios médicos também têm o direito de ter uma segunda opinião.
“Quando o profissional está à frente de um caso difícil, ele pode buscar a
opinião de outro colega”, ressalta Pereira. Assim, tanto o paciente quanto o
médico podem procurar o auxílio de outros especialistas.
Planos
de saúde
De
acordo com a Resolução CONSU nº 8 e o Código de Ética Médica, as fontes
pagadoras, tanto públicas quanto privadas, podem solicitar a segunda opinião,
trabalhando com sistemas de auditorias eficientes quando em suspeita de
exageros e indicações inadequadas de procedimentos.
Contudo,
segundo Pereira, é
preciso ter uma atenção especial às solicitações de segunda opinião dos planos
de saúde. Ele afirma que quando a fonte pagadora faz a solicitação, existem
duas possibilidades: ou está buscando a melhor maneira de encaminhar o paciente
ou está buscando uma redução de custos. “O que a gente não pode pensar é que
toda vez que eles pedem uma segunda opinião só querem reduzir custos ou só
querem o bem do paciente, as duas coisas existem”, justifica.
Receio
médico
O parecer nº 114073
do Cremesp relata que o mecanismo da segunda opinião médica é usual em todo
mundo e não é antiética. “No Brasil, ainda
existe um pouco de preconceito em relação a isso, enquanto em outros países
trata-se de algo absolutamente normal”, diz Pereira. De acordo com ele,
alguns médicos ainda se sentem ofendidos, acreditando tratar-se de uma
desconfiança do paciente.
Pereira
destaca que os Conselhos, tanto federal quanto regionais, já têm sinalizado
para diminuir o receio sobre a segunda opinião médica. Ele afirma que a segunda
opinião é muito mais aceita entre os médicos mais jovens, e que essa
resistência dos médicos à segunda opinião está progressivamente caindo.
Google
Para Pereira, o uso de tecnologias, como o Google,
para a emissão de uma segunda, e em muitos casos até mesmo de uma primeira
opinião médica, é perigosa. “No Google você tem desde pareceres importantes,
cientificamente corretos, até coisas completamente absurdas”, diz. Ele acredita
que é preciso tomar cuidado no uso da ferramenta, já que não se trata de algo
100% confiável, na medida em que não tem um filtro cientifico.
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