Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a resistência aos antibióticos está tornando a
gonorreia muito mais difícil e, em alguns casos, até impossível de tratar. A
instituição analisou dados de 77 países e verificou que a “supergonorreia” já
não consegue ser combatida com remédios “antigos”.
O uso indiscriminado e
abusivo, além de incorreto, dos antibióticos levaram as bactérias a desenvolver
mecanismos de resistência que as tornam mais protegida dos antimicrobianos
atuais.
Para o infectologista
Caio Rosenthal, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo (Cremesp), pacientes com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) muitas
vezes se automedicam ou procuram o balconista da farmácia para o tratamento.
“Isso leva ao erro do diagnóstico e também a um tratamento inadequado,
contribuindo tanto para uma maior disseminação da doença quanto aumentando as
chances da bactéria tornar-se mais resistente”, destaca.
A cada ano, estima-se
que 78 milhões de pessoas sejam infectadas com gonorreia. A DST pode infectar
genitais, reto e garganta, e as complicações afetam principalmente mulheres,
incluindo doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e infertilidade, assim
como um risco maior de contrair HIV.
Uma vez estabelecido o
diagnóstico, o médico deve tratar seu paciente, solicitar exames relacionados a
outras DSTs (HIV, Hepatite B, Hepatite C e Sífilis) e mostrar a importância do
uso dos preservativos. Para Rosenthal, é essencial que o profissional não faça
julgamentos e não atue de modo discriminatório. “É importante lembrar ao
paciente, também, que tanto a gonorreia quanto a sífilis não induzem imunidade
e, portanto, a mesma pessoa pode ser contaminada várias vezes ao longo da
vida”, ressalta.
O declínio do uso de preservativo e a falta de proteção durante o sexo oral
(em homens e mulheres) contribuem para o desenvolvimento de um perigoso tipo de
gonorreia e sua disseminação. “O uso do preservativo ainda não está incorporado
na nossa cultura”, diz Rosenthal. Para o especialista, são necessárias mais
informações e campanhas mais esclarecedoras para todas as camadas da população.
Sobre a doença
A
gonorreia é uma doença sexualmente transmissível (DST) comum, que afeta tanto
homens quanto mulheres. É causada pela bactéria Neisseria
gonorrhoeae, também conhecida como gonococo. Qualquer indivíduo que
tenha qualquer prática sexual pode contrair a gonorreia. A infecção pode ser
transmitida por contato oral, vaginal ou anal.
Na maioria dos casos, sem sintomas muitos claros em
seu início, a gonorreia pode passar despercebida. Para Rosenthal, cabe aos
gestores de saúde, professores, autoridades da área de saúde e meios de
comunicação divulgar as informações necessárias para a identificação dos
sintomas.
No pênis, os sinais mais comuns são:
- Dor e ardência ao urinar;
- Secreção abundante de pus pela uretra;
- Dor ou inchaço em um dos testículos.
Já na vagina, os sintomas são:
- Aumento no corrimento vaginal, que passa a ter cor amarelada e odor desagradável;
- Dor e ardência ao urinar;
- Sangramento fora do período menstrual;
- Dores abdominais;
- Dor pélvica.
Usar preservativos na relação sexual é o melhor
meio para se prevenir da gonorreia. É importante usar camisinha em todo e
qualquer tipo de contato sexual, seja ele vaginal, anal ou oral.
Para evitar futuras transmissões da infecção, é
importante também que todos os parceiros ou parceiras sexuais sejam tratados. “Não devemos esquecer de
orientar o paciente a trazer o seu/sua parceiro(a) para também submeter-se ao
tratamento e às orientações dadas pelo médico ou pela equipe
multiprofissional”, alerta Rosenthal.
Fonte: Infectologista Caio Rosenthal,
conselheiro do Cremesp.
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