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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O Potássio e a segurança alimentar nacional: qual a saída?



     O Brasil é de fato o maior celeiro do mundo. Em relatório divulgado recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a instituição previu uma colheita de 232,023 milhões de toneladas de grãos e, se o número atual for confirmado, representará um crescimento de 24,3% em relação à safra 2015/2016. Dada à importância do agronegócio no cenário econômico atual, se faz necessária a adoção de políticas públicas que reconheçam a vocação agrícola do país.

            Dentre as práticas agrícolas que possibilitaram incrementos na produtividade, como o melhoramento genético, manejo varietal, controle fitossanitário, irrigação, destaca-se neste artigo o uso de fertilizantes. O ano de 2016 registrou o maior volume de entregas, com 34,083 milhões de toneladas, superando em 5,8% a marca de 2014, até então a maior já registrada, com 32,209 milhões de toneladas. Os dados publicados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostram crescimento de 5,19% ao ano na entrega de fertilizantes no período de 1987 a 2016, contra 1,68% ao ano da área cultivada no mesmo período. 

            Embora reconhecida a contribuição dos fertilizantes, a agricultura brasileira vem se tornando cada vez mais dependente desse insumo. Especificamente em relação ao potássio (K), em 2016 foi importado o montante de 8,84 milhões de toneladas de matéria-prima, sendo quase a totalidade (8,77 milhões de toneladas) na forma de cloreto de potássio (KCl), o que representa dependência externa de mais de 90% do potássio utilizado como fertilizante no país. Tal situação cria uma vulnerabilidade na agricultura e um grande problema de segurança alimentar no Brasil.  

            Este problema tem exigido a busca por fontes alternativas e a utilização de pós de rochas silicatadas tem sido umas delas. Os pós de rochas, ou remineralizadores, foram recentemente incluídos na Lei dos fertilizantes (Lei n° 6.894/1980) por meio da Lei n° 12.890/2013, como categoria de insumo agrícola. Mais recentemente foram publicadas as Instruções Normativas 5 e 6, de 10/03/16, que definem as garantias mínimas e os limites de elementos potencialmente tóxicos permitidos nos remineralizadores. A rochagem, como também é conhecida essa prática, tem a pretensão de aproximar os setores de mineração e agricultura, aproveitando subprodutos das atividades de mineração, cujo acúmulo ou descarte é problemático, para enriquecimento dos solos agrícolas. 

            Os pós de rochas silicatados são fontes multinutrientes de liberação lenta, o que garantirá efeito salino mínimo dessas fontes quando comparado às de alta solubilidade, como o KCl. Também possuem a característica de menor susceptibilidade à lixiviação e maior efeito residual no solo, possibilitando assim a aplicação dos nutrientes em dose única, o que diminuirá os gastos com maquinário e consumo de óleo diesel. Dentre outros efeitos benéficos dos silicatos, pode-se destacar a neutralização da acidez do solo, melhoria do desempenho das culturas em situações de estresse pela absorção do silício (Si), como redução da incidência de doenças e pragas, elementos potencialmente tóxicos e déficit hídrico, além do ânion silicato competir com o ânion fosfato pelos sítios de adsorção do solo, diminuindo a fixação do fósforo. 

            O fonolito do Planalto de Poços de Caldas, um silicato de potássio com teores totais de 8% de óxido de potássio (K2O) e 54% de dióxido de silício (SiO2), é uma importante alternativa e vem apresentando crescimento no cenário nacional nos últimos anos. Trata-se de uma solução que possui elevada solubilização dos nutrientes dado o processo único de formação geológica.

Em 2016, o volume de entregas dessa alternativa atingiu 34,23 mil toneladas, dos quais 1,7% foram exportados, o que representou um incremento de 17% em relação ao ano anterior. Este número é ainda mais expressivo quando analisado desde o ano de 2013, apresentando aumento da ordem de 173,3%.  

Estudos realizados em diversas universidades e instituições de pesquisas pelo Brasil têm comprovado a eficácia da substituição total do cloreto de potássio em diversos cultivos, desde hortaliças a cereais e frutíferas, com aumento significativo da produtividade e da qualidade do produto agrícola, o que vai contribuir grandemente para o crescimento e fortalecimento da agricultura nacional. 




Fernando Guerra - Engenheiro Agronômico da Yoorin Fertilizantes






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