O Brasil é de fato o maior celeiro do mundo. Em
relatório divulgado recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), a instituição previu uma colheita de 232,023 milhões de toneladas de
grãos e, se o número atual for confirmado, representará um crescimento de 24,3%
em relação à safra 2015/2016. Dada à importância do agronegócio no cenário
econômico atual, se faz necessária a adoção de políticas públicas que
reconheçam a vocação agrícola do país.
Dentre as práticas agrícolas que possibilitaram incrementos na produtividade,
como o melhoramento genético, manejo varietal, controle fitossanitário,
irrigação, destaca-se neste artigo o uso de fertilizantes. O ano de 2016
registrou o maior volume de entregas, com 34,083 milhões de toneladas,
superando em 5,8% a marca de 2014, até então a maior já registrada, com 32,209
milhões de toneladas. Os dados publicados pela Associação Nacional para Difusão
de Adubos (Anda) mostram crescimento de 5,19% ao ano na entrega de
fertilizantes no período de 1987 a 2016, contra 1,68% ao ano da área cultivada
no mesmo período.
Embora reconhecida a contribuição dos fertilizantes, a agricultura brasileira
vem se tornando cada vez mais dependente desse insumo. Especificamente em
relação ao potássio (K), em 2016 foi importado o montante de 8,84 milhões de
toneladas de matéria-prima, sendo quase a totalidade (8,77 milhões de
toneladas) na forma de cloreto de potássio (KCl), o que representa dependência
externa de mais de 90% do potássio utilizado como fertilizante no país. Tal
situação cria uma vulnerabilidade na agricultura e um grande problema de
segurança alimentar no Brasil.
Este problema tem exigido a busca por fontes alternativas e a utilização de pós
de rochas silicatadas tem sido umas delas. Os pós de rochas, ou
remineralizadores, foram recentemente incluídos na Lei dos fertilizantes (Lei
n° 6.894/1980) por meio da Lei n° 12.890/2013, como categoria de insumo
agrícola. Mais recentemente foram publicadas as Instruções Normativas 5 e 6, de
10/03/16, que definem as garantias mínimas e os limites de elementos
potencialmente tóxicos permitidos nos remineralizadores. A rochagem, como
também é conhecida essa prática, tem a pretensão de aproximar os setores de
mineração e agricultura, aproveitando subprodutos das atividades de mineração, cujo
acúmulo ou descarte é problemático, para enriquecimento dos solos agrícolas.
Os pós de rochas silicatados são fontes multinutrientes de liberação lenta, o
que garantirá efeito salino mínimo dessas fontes quando comparado às de alta
solubilidade, como o KCl. Também possuem a característica de menor
susceptibilidade à lixiviação e maior efeito residual no solo, possibilitando
assim a aplicação dos nutrientes em dose única, o que diminuirá os gastos com
maquinário e consumo de óleo diesel. Dentre outros efeitos benéficos dos
silicatos, pode-se destacar a neutralização da acidez do solo, melhoria do
desempenho das culturas em situações de estresse pela absorção do silício (Si),
como redução da incidência de doenças e pragas, elementos potencialmente
tóxicos e déficit hídrico, além do ânion silicato competir com o ânion fosfato
pelos sítios de adsorção do solo, diminuindo a fixação do fósforo.
O fonolito do Planalto de Poços de Caldas, um silicato de potássio com teores
totais de 8% de óxido de potássio (K2O) e 54% de dióxido de silício
(SiO2), é uma importante alternativa e vem apresentando crescimento
no cenário nacional nos últimos anos. Trata-se de uma solução que possui
elevada solubilização dos nutrientes dado o processo único de formação
geológica.
Em 2016, o volume de entregas dessa alternativa
atingiu 34,23 mil toneladas, dos quais 1,7% foram exportados, o que representou
um incremento de 17% em relação ao ano anterior. Este número é ainda mais
expressivo quando analisado desde o ano de 2013, apresentando aumento da ordem
de 173,3%.
Estudos realizados em diversas universidades e
instituições de pesquisas pelo Brasil têm comprovado a eficácia da substituição
total do cloreto de potássio em diversos cultivos, desde hortaliças a cereais e
frutíferas, com aumento significativo da produtividade e da qualidade do
produto agrícola, o que vai contribuir grandemente para o crescimento e
fortalecimento da agricultura nacional.
Fernando Guerra - Engenheiro Agronômico da Yoorin Fertilizantes
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