Segundo o psiquiatra e pesquisador do Programa de
Transtornos afetivos (GRUDA) do Hospital das Clínicas da USP, Dr. Diego
Tavares, o excesso de açúcar pode levar à depressão porque reduz os níveis do
chamado fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) que auxilia na manutenção
do funcionamento do sistema nervoso.
A
comprovação veio de um estudo que foi publicado no final do mês de julho deste
ano que mostrou que as dietas com alto teor de açúcar, por exemplo com
refrigerantes e doces, podem estar associadas a um maior risco de problemas
cerebrais como ansiedade e depressão. A pesquisa foi feita na Universidade de
Londres, Reino Unido e foi publicada na revista científica internacional
Scientific Reports.
“Os
resultados mostram efeito adverso de longo prazo na saúde mental dos homens,
ligado ao excessivo consumo de açúcar proveniente de alimentos e bebidas doces.
Altos níveis de consumo de açúcar já haviam sido relacionados a uma prevalência
mais alta de depressão em diversos estudos anteriores. No entanto, até agora,
cientistas não sabiam se a ocorrência do problema mental desencadeava um
consumo maior de açúcar, ou se os doces é que levavam à depressão”, explica o
psiquiatra.
Para
descobrir se a voracidade por açúcar é causa ou consequência dos problemas
mentais, os cientistas analisaram os dados de 8.087 homens britânicos com
idades entre 39 e 83 anos, analisados por 22 anos. As descobertas foram feitas
com base em questionários sobre a dieta e a saúde mental de participantes. Para
um terço dos homens - aqueles com maior consumo de açúcar -, houve um aumento
de 23% na ocorrência de problemas mentais após cinco anos, independentemente de
obesidade, comportamentos relacionados à saúde, do restante da dieta e de
fatores sociodemográficos. O fato de os sujeitos da pesquisa terem sido homens
auxilia a entender que os resultados não foram influenciados pelo sexo, já que
o sexo feminino tem maior incidência de depressão e ansiedade devido a fatores
hormonais.
O
consumo de açúcar foi medido por 15 itens que incluem refrigerantes, sucos
industrializados, doces, bolos, biscoitos e açúcar adicionado ao café. Para
homens, foi considerado alto consumo uma quantidade maior que 67 gramas por dia
e, para mulheres, acima de 50. A Organização Mundial da Saúde recomenda uso
máximo de 50 gramas por dia e aponta que o ideal é não passar dos 25.
Um
estudo americano de 2015, exclusivamente com mulheres, também encontrou
associação entre alto consumo de açúcar e depressão, mostrando que os resultados
não se restringem ao sexo masculino.
“Há
várias explicações biológicas plausíveis para a associação. A principal delas é
que o açúcar reduz os níveis do chamado fator neurotrófico derivado do cérebro
(BDNF, na sigla em inglês), que ajuda no desenvolvimento de tecidos cerebrais.
Quando o BDNF cai costuma ocorrer uma atrofia do hipocampo, área do cérebro que
além da memória também regula o estado de humor”, finaliza Dr. Diego Tavares.
FONTE:
Dr. Diego
Tavares - Graduado em medicina pela Faculdade
de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (FMB-UNESP) em 2010 e residência médica em Psiquiatria pelo Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) em 2013. Psiquiatra Pesquisador do Programa de
Transtornos Afetivos (GRUDA) e do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e
Estimulação Magnética Transcraniana (SIN-EMT) do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(IPQ-HC-FMUSP) e coordenador do Ambulatório do Programa de Transtornos Afetivos
do ABC (PRTOAB). https://drdiegotavarespsiquiatra.com/
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