Pesquisa aponta que
1 em cada 5 jovem com ceratocone tem dificuldade para dirigir e quais terapias
fazem maior diferença.
Relatório do seguro obrigatório DPVAT que indeniza quem
sofre acidente de trânsito mostra que das 192.187 vítimas nos seis primeiros meses
deste ano, 49% ou 94.167 eram jovens de 19 a 34 anos, sendo que neste grupo
58% eram motoristas.
Pesquisa realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz
Neto do Instituto Penido Burnier, perito em medicina do trânsito e membro da
ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) mostra que o ceratocone, doença ocular que altera a curvatura da córnea e geralmente
aparece na adolescência é um dos fatores que mais contribui com o alto índice
de acidentes de transito com jovens. Só
para se ter uma ideia, 1 em cada 5 dos 315 participantes no levantamento
afirmaram que o ceratocone dificulta a direção, 1 em cada 8 não consegue
dirigir à noite e o mesmo índice não consegue dirigir.
O médico explica que isso acontece porque a alteração
na curvatura da córnea torna os reflexos
mais lentos por desfocar as imagens tanto para longe como para perto, dificulta a
leitura das placas de sinalização,
aumenta, a fadiga visual, a aversão à luz, o ofuscamento pelos faróis
contra e a visão de halos noturnos.
O ceratocone, ressalta, atinge 100 mil brasileiros e
responde por 7 em cada 10 transplantes de córnea no país.. Trata-se portanto de
um grave problema de saúde pública, uma vez que a visão responde por 80% de nossa integração
com o meio ambiente.
“No início da doença os óculos oferecem boa correção
visual, mas a pesquisa mostra que 61% dos participantes só conseguem enxergar
bem com lente de contato. As rígidas são
usadas por 74% deste grupo porque aplanam a córnea e proporcionam melhor
correção visual”, afirma
Melhora
da visão
A pesquisa mostra que nem todas as terapias disponíveis para tratar o
ceratocone foram utilizadas pelos participantes. Das que foram utilizadas o crosslink ainda é temido
por 12% do grupo. Queiroz Neto explica
que a terapia associa riboflavina
(vitamina B2) com radiação ultravioleta para aumentar a resistência da córnea
em até 3 vezes e estacionar a progressão do ceratocone.
O risco de passar pelo
procedimento é menor do que não passar quando o paciente tem indicação, afirma. A doença estacionou em 88% dos que fizeram
crosslink e 45% também tiveram melhora da visão.
Outra técnica para evitar o transplante de córnea
utilizada nos participantes da pesquisa foi o implante de anel intracorneano
que aplana a curvatura da córnea. Para 74% este implante melhorou a visão além de permitir melhor adaptação da lente de
contato.
Outros 20% não passaram pelo procedimento por ter medo
de complicações apesar do procedimento ser reversível.
O transplante de córnea só foi realizado por 12% dos
participantes da pesquisa e apesar da cirurgia ter sido feita pelo método
convencional 70% afirmaram ter grande melhora da visão e 32% uma pequena
melhora.
Queiroz Neto ressalta que hoje o transplante pode ser
feto com o laser de femtosegundo que torna o procedimento mais preciso ou ainda
pela técnica DALK em que a camada interna da córnea, endotélio, é preservada,
reduzindo assim ao risco de rejeição. i O maior problema conclui, continua
sendo a falta de informação e o acesso cada vez menor da população aos
tratamentos de ponta para que tenhamos uma grande redução no número de
acidentes.
Fonte: Dr.
Leôncio Queiroz Neto - oftalmologista presidente do Instituto Penido Burnier em
Campinas/SP www.drqueirozneto.com.br
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