Quanto
mais cedo as crianças se aproximarem do processo de “alfabetização econômica”, melhor
A crise pode ser um bom motivo para iniciar a
educação financeira das crianças. Isso porque, o dia a dia dos pais também deve
ser compreendido pelos pequenos que, ao entender os desafios da família, podem
contribuir com pequenas atividades domésticas, valorizando questões como tempo,
dinheiro e a importância do auxílio mútuo no ambiente familiar.
De acordo com Altemir Farinhas, consultor da
Conquista Soluções Educacionais, quanto mais cedo as crianças se aproximarem do
processo de “alfabetização econômica”, melhor. Esse tema é nome até de um
projeto que existe há mais de dez anos em escolas da Alemanha. Lá, as crianças
aprendem a importância de poupar, de lidar direito com o dinheiro, a pesquisar
preços e a trabalhar de modo coerente as questões que envolvem finanças,
evitando, inclusive, frustrações e o endividamento precoce.
Embora não pareça, as crianças acompanham e
vivenciam as experiências dos pais ou responsáveis. Por isso, nada melhor do
que aproveitar o momento e expor as questões de modo prático, franco e sincero
com os pequenos, convidando-os a colaborar com a família. “Esse pode ser um
grande momento para ensinar sobre o valor do dinheiro e a importância de se
fazer economia. Um momento de crise não significa um abandono de sonhos, pelo
contrário, é um momento de se traçar novas estratégias para a concretização
deles”, explica o consultor. Segundo ele, até a ida ao supermercado ou à
padaria pode render uma boa introdução ao universo financeiro para as crianças.
Basta saber abordar o tema, transformando as atividades do dia a dia em
aprendizado.
Confira algumas dicas que podem auxiliar na
educação financeira das crianças:
Entre 2 e 3 anos: os
pequeninos podem ainda não compreender os conceitos financeiros, mas podem se
familiarizar com as moedas, aprendendo a distingui-las. Circule moedas com
diferentes valores e tamanhos em cores distintas e faça associações.
Supervisione a atividade para evitar que as crianças levem as moedas à boca.
Outra dica é promover o lado lúdico por meio de brincadeiras que simulem o
comércio.
Entre 4 e 5 anos: nessa
idade, as crianças já observam os pais ao realizar as pesquisas de preços nos
tabloides dos supermercados. Incentive seu filho a olhar as propagandas e o
ajude a circular os menores preços. Para estimular o lado lúdico, simule um
jantar em restaurante e defina as posições – quem arruma a mesa, quem serve,
quem paga a conta, quem recebe o pagamento pela refeição.
Entre 6 e 8 anos: nessa
fase, muitas famílias já atribuem um determinado valor para as crianças, como
mesada. Aproveite o momento e ensine seu filho a poupar. Leve-o ao banco,
explique como funciona, a importância de se manter o equilíbrio entre o que
entra e o que sai da sua conta. Se você achar que é muito cedo para abrir uma
conta para o pequeno, compre um cofrinho para ele.
Entre 9 e 12 anos: esse é
um bom período para ensinar noções de preço e qualidade. Para isso, estimule as
crianças a comparar produtos, a ler rótulos, a comparar preços por peso,
tamanho e gramatura. Vale também promover um pequeno bazar ou brexó em casa com
coisas que não se usa mais ou que são passíveis de troca, a fim de estimular a
noção de valor e responsabilidade.
De 13 a 15 anos: esse é
um momento interessante para acompanhar e discutir o noticiário econômico com
os jovens, fazendo-os refletir sobre diferentes cenários econômicos que possam
impactar em algo de seu interesse. É um momento importante também para aprender
a organizar orçamentos, planilhar custos, despesas fixas e extras.
A partir dos 16 anos: nessa
idade, o jovem já pode trabalhar com cartões pré-pagos de celular ou cartões de
banco com valor armazenado, mas é importante que os pais sempre conversem com
os filhos sobre a necessidade do respeito ao orçamento. O momento também é
propício para estimular o engajamento do jovem em alguma causa humanitária com
a qual ele se identifica, dividindo um pouco do que tem e compreendendo também
sobre responsabilidade social.
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