Cuidados podem evitar a cegueira irreversível causada pela retinopatia diabética, uma das principais consequências do diabetes
Além
de todo legado artístico, Leonardo da Vinci também desbravou o corpo
humano em seus estudos anatômicos. Enfatizou ainda a importância da
visão humana - “Quem acreditaria que um espaço tão reduzido seria capaz
de absorver as imagens do universo?”. Resumidamente: “os olhos são a
janela da alma e o espelho do mundo” e, por isso, na temática das
celebrações do Dia Mundial da Saúde Ocular (10/julho) vale ampliar o campo de visão e de conhecimento sobre um dos mais importantes órgãos do corpo humano: os olhos.
No
Brasil, mais de 1,2 milhão de pessoas são cegas (visão corrigida igual
ou inferior a 20%). Calcula-se ainda que aproximadamente 65% dos
brasileiros com alguma dificuldade de enxergar não realizam nenhum
acompanhamento oftalmológico anual. Em termos globais, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é que 80% das
deficiências visuais, se diagnosticadas em tempo, poderiam ser evitadas
e/ou tratadas.
Entre outras doenças que podem prejudicar a visão, o diabetes tem fator preponderante: atinge cerca de 400 milhões de pessoas em todo mundo e cerca de 13 milhões no Brasil (¹).
Atingindo
em média 10% da população com diabetes, a retinopatia diabética tem
progressão constante, afetando potencialmente a oxigenação dos vasos
sanguíneos nas camadas internas da retina que abrigam a mácula – região
rica em fotorreceptores, tornando-os mais permeáveis e sensíveis. Com
isso, ocorre um acúmulo de material anormal nesses vasos, o que
dificulta a passagem do sangue e causa microaneurismas e inchaço da
mácula, também conhecido como edema macular diabético (EMD), que pode causar cegueira irreversível
Para
entender melhor a importância da retina, trata-se de uma das principais
estruturas do olho humano, responsável por transformar a imagem em
mensagem para o cérebro.
Os
sintomas da retinopatia diabética têm início com visão embaçada, que
pode se estender para manchas, como se fossem “moscas volantes”. Em sua
evolução, surgem linhas escuras, sensação de pressão nos olhos,
dificuldade ou perda de visão periférica, até a perda total da visão.
Segundo
o oftalmologista Paulo Mello Filho, especialista em retina clínica e
cirúrgica pela Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de
Medicina- UNIFESP, entre as medidas preventivas para o paciente deve-se
manter o controle da doença sistêmica, ou seja, do diabetes, e a visita
regular ao oftalmologista para o mapeamento periódico da retina. “Como
não existem sintomas iniciais claros, como dor, irritação, secreção ou
vermelhidão nos olhos, o paciente vai perdendo a visão progressivamente e
de forma silenciosa. Por isso o diagnóstico precoce é imprescindível”,
ressalta o médico.
Tratamento: Atualmente,
são dois os principais métodos de tratamento para a doença, sendo a
mais clássica a fotocoagulação por raio laser. Na esteira da inovação
surge o tratamento de liberação intravítrea de dexametasona, um tipo de
corticoide que atua no processo inflamatório da retinopatia.
À
base de uma composição biodegradável de dexametasona, a medicação
implantada dentro do olho dilui-se gradativamente ao longo de quatro
meses, quando então precisa ser repetida para a continuidade dos
resultados.
“É
indicado para pacientes que não respondem a outros tratamentos e, com
efeitos cumulativos a cada aplicação, sendo uma alternativa com menor
risco de efeitos colaterais”, explica o oftalmologista Paulo Mello
Filho.
O
implante intravítreo com dexametasona é o único aprovado pela ANVISA
como tratamento intraocular para a retinopatia diabética, e inserido no
rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para a cobertura
pelas operadoras de planos de saúde.
Para auxiliar no entendimento sobre Retinopatia Diabética, indicamos alguns materiais ilustrativos, com informações complementares ao público leigo:
Infográfico Retinopatia Diabética:
Vídeo Retinopatia Diabética:
Dr.
Paulo Augusto de Arruda Mello Filho (CRM-SP 94.747) - Médico
Oftalmologista com subespecialidade em Retina Clínica e Cirúrgica pela
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina- UNIFESP,
Research Fellow em Retina no Doheny Eye Institute pela University of
Southern California- USC, EUA. Doutor em Ciências Visuais pela
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina-
UNIFESP. Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV),
Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Membro da American
Academy of Ophthalmology, Diretor clínico e cirurgião da Clínica de
Olhos Arruda Mello.
(¹)
Wild S, Roglic G, Green A, Sicree R, King H. Global Prevalence of
Diabetes: Estimates for the year 2000 and projections for 2030. Diabetes
Care. 2004 May 1;27(5):1047–53.
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