Semana Mundial de Aleitamento Materno 2017: 1
a 7 de Agosto
A
Semana Mundial de Aleitamento Materno 2017, que tem como tema central: Amamentar.
Ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer junto com você, celebra
o trabalho em conjunto para o bem comum, que produz resultados sustentáveis,
maior que a soma de nossos esforços individuais.
As
evidências sobre os benefícios da amamentação já são conhecidas. Sabemos que
ela auxilia a sobrevivência de bebês e os ajuda a prosperar. Além dos
benefícios para a saúde, em longo prazo, para as mulheres, amamentar produz
benefícios econômicos e melhora o bem-estar de todos. “O desafio para os
defensores da amamentação é traduzir essas informações em políticas públicas
voltadas para ações positivas em nossas comunidades”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de
Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Precisamos
realmente continuar falando sobre aleitamento materno? Sim! É
compreensivelmente um assunto repleto de emoção e a Semana Mundial de
Aleitamento Materno é uma ocasião propícia a reflexões mais profundas sobre o
tema.
Quer
ver?
Os
últimos números mostram que, embora cerca de 74% das mulheres no Reino Unido comecem a
amamentar no nascimento,
o país tem uma das menores taxas globais de amamentação em todo o mundo. Cerca de 85% das mães que pararam de amamentar nas primeiras semanas gostariam de amamentar por
mais tempo. E são essas mães que estão sendo afetadas com maior risco de depressão pós-natal.
“Muitas
vezes, essas mães sentem uma profunda sensação de falha e culpa. Mas na
verdade, é preciso ampliar a compreensão sobre o tema. Falhar na amamentação
nunca é responsabilidade pessoal da mãe. É o fracasso de um sistema cultural
que não lhe permitiu alcançar seus objetivos, ou pelo menos, não lhe ofereceu
suporte, informação e apoio suficientes. E é por isso que precisamos falar
sempre e mais sobre aleitamento materno”, diz o pediatra, autor do blog
#EuApoioLeiteMaterno.
O
diálogo atual sobre a amamentação em toda a sociedade é frequentemente focado
em três aspectos:
1.
O "fracasso na amamentação";
2.
A "pressão para amamentar";
3.
A noção de "que amamentar é melhor".
Então,
precisamos ampliar essas narrativas:
O "fracasso da amamentação"
Nem
todo mundo amamenta e seria irreal admitir que todas as mulheres conseguem
amamentar. No entanto, na grande maioria dos casos, e de forma crucial, com a gestão correta da
amamentação, ela pode e vai funcionar, se isso é o que a mãe quer.
“Quer
se tratem de problemas de produção de leite, dor intensa, bebês com dificuldade
de digestão, infecções, uns que dormem no peito, outros chorando e se
contorcendo no peito, ganho de peso lento... E inúmeros outros cenários, as
mulheres merecem o apoio necessário para descobrir, o que está acontecendo,
porque está acontecendo e como mudar as coisas”, diz o pediatra.
“Quando
a amamentação é desafiadora, geralmente não é amamentação em si mesma que
falha. É a incapacidade de trabalhar com conhecimento e eficácia com a mãe e a
criança para fornecer soluções para quaisquer problemas que possam surgir. As
mulheres merecem saber que a maioria dos problemas de amamentação tem solução”,
defende Chencinski.
A "pressão para amamentar"
Existem
alguns profissionais que assumem a atitude de "simplesmente manter a
amamentação", sem oferecer muitos conselhos práticos! “Essa postura não
ajuda em nada a amamentação a ser bem-sucedida. Isso, sem dúvida, deixa as
mulheres sob pressão, em um momento em que elas já estão se sentindo
perturbadas e frustradas com todo o processo”, diz Moises Chencinski.
Há
milhares de profissionais especificamente treinados que se dedicam a ajudar as
mães nesse precioso tempo de suas vidas. Eles não ditarão regras. Eles
trabalharão com a mãe e sua família para encontrar estratégias eficazes para
ajudá-la a atender os objetivos de amamentação que ela tem, mantendo ela e o
bebê seguros. E isso pode significar aleitamento exclusivo, bombeamento exclusivo,
alimentação mista ou desmame...
“Muitos
também dizem que a partilha de informações sobre a amamentação equivale a
pressão. Isso é verdadeiro? Não! Compartilhar informações baseadas em
evidências, de forma sensível e sem julgamento não é pressão. É necessário. Eu
acredito que devemos permitir que os pais tomem decisões informadas sobre como
eles desejam alimentar seu bebê. E independentemente de pesquisas ou
debates, muitas mulheres simplesmente têm um desejo instintivo de querer
amamentar e acredito firmemente que todos nós temos uma responsabilidade na
sociedade: apoiá-la nesse desejo”, defende o pediatra, autor do blog
#EuApoioLeiteMaterno.
Os
problemas surgem quando se misturam convicções culturais, informações
disseminadas nas mídias sociais e estratégias geniais de marketing da indústria
de alimentação infantil, que servem apenas para pressionar as mulheres para que
utilizem as fórmulas. O problema não é só contra o produto em si, mas
principalmente sobre a maneira pelas quais as empresas estão afastando a
confiança e mudando as atitudes das mães.
Qualquer
mãe amamentando dirá que, logo que começaram a amamentar, perguntas e
comentários como esse chovem:
·
"Quanto tempo você vai conseguir manter
isso?";
·
"Você precisa descansar, vamos dar uma
mamadeira";
·
"Dentes! Eu suponho que você está parando
agora então...";
·
"Por que você não adota apenas uma mamadeira
quando você está fora?".
“E
assim vai. A lista não tem fim. Infelizmente, esta pressão é a favor da
alimentação com fórmulas. Constantemente ouvimos que há um julgamento
inaceitável voltado para as mães que alimentam com fórmulas. Mas há também um
julgamento descabido sobre as mães que amamentam. Na verdade, elas estão sendo
cada vez mais marginalizadas, ridiculizadas, silenciadas e chamadas por nomes
altamente ofensivos... Isso é aceitável? É preciso pensar e ter coragem para
publicar uma foto amamentando ou um comentário on-line sobre aleitamento
materno”, observa o pediatra.
“Amamentar é melhor"
Esta
é a parte mais recente do diálogo social sobre o aleitamento materno que também
não pode ser ignorada. É claro que os bebês precisam do leite materno. Mas
amamentar não é apenas melhor. É simplesmente necessário. No entanto, o slogan
é cativante e parece ser eficaz na condução de dúvidas e deflexões.
“Ele
põe em dúvida a competência biológica das mulheres de produzir leite para seus
filhos e desvia-se do conjunto significativo de evidências, acumuladas ao longo de muitos anos de pesquisa,
que está disponível sobre a amamentação, que, de fato, é diferente da fórmula,
não só em países em desenvolvimento (como é frequentemente discutido), mas, de
fato, em todo o mundo industrializado também”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de
Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Por
exemplo, nenhuma pesquisa afirma que a amamentação elimina a doença, o que ela
faz é alterar o risco em comparação com a não amamentação. Sempre haverá bebês
amamentados que estão doentes e / ou crescem para desenvolver doenças e
mulheres amamentando que posteriormente desenvolvem câncer de mama ou de
ovário. Como sempre haverá bebês alimentados com fórmulas que levam vidas
perfeitamente saudáveis e
mulheres que não amamentaram que permanecem livres de câncer. É crucial
lembrar que as diferenças são significativas entre as populações
e não
simplesmente quando se compara um indivíduo com outro.
Quais seriam as mensagem mais importantes a serem disseminadas durante
a Semana Mundial de Aleitamento Materno?
1.
As mães e as famílias devem ter acesso a informações imparciais e rigorosas
baseadas em evidências para fazer suas próprias escolhas informadas;
2.
As escolhas individuais alimentares que as famílias fazem devem ser
respeitadas, quaisquer que sejam;
3.
A amamentação deve ser apoiada por profissionais aptos a fazer esse trabalho e
pela sociedade em geral.
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