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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Demência: o problema de saúde que afeta cada vez mais a população




Diversas doenças provocam o declínio progressivo da função cerebral e atrapalham a qualidade de vida de muitas pessoas


Perder a memória, a capacidade intelectual, o raciocínio, as competências sociais e as reações emocionais são alguns dos sintomas de uma pessoa que sofre de demência. Esse termo é utilizado para descrever diversas doenças que provocam o declínio progressivo da função cerebral. “Essa condição afeta diretamente a qualidade de vida da pessoa, podendo afetar a linguagem, o comportamento e alterando até a personalidade e o convívio social”, afirma Dr. Rafael Brandes Lourenço,  especialista em psicogeriatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

As demências costumam ser irreversíveis e  neurodegenerativas, ou seja, pioram com o passar do tempo, apesar do tratamento, quando ele existe. A mais conhecida delas é a doença de Alzheimer que causa danos ao cérebro que não podem ser interrompidos ou revertidos. Há outros tipos como a demência com corpos de Lewy, que possui sintomas similares aos do Alzheimer, a demência vascular, que ocorre devido a pequenas ou grandes lesões vasculares cerebrais (AVC) e a demência frontotemporal, cujo tipo mais comum é uma degeneração do lobo frontal do cérebro. 

Existem ainda outras causas da doença, como as priônicas causadas por agentes infecciosos (como a doença de Creutzfeldt-Jakob, conhecida como doença da vaca louca), demência associada a outras doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson, a atrofia de múltiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva,  degeneração corticobasal, doença de Huntington. Ainda existem causas potencialmente reversíveis de demência como as causadas por deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, sífilis ou HIV, que melhoram com o tratamento das doenças de base.

Estima-se que em 2050, os idosos alcancem 22% da população mundial. E com o envelhecimento da população, há um grande aumento das doenças degenerativas. “É importante destacar que muitos fatores podem levar à demência. A idade avançada é a principal delas, pois o risco aumenta consideravelmente especialmente a partir dos 60 anos, mas também pode ocorrer em pessoas mais novas. O histórico familiar também contribui para o surgimento da doença”, explica Dr. Rafael.

Os sintomas variam bastante. Além da perda de memória, há dificuldade para se comunicar e realizar atividades complexas, alteração nas funções de coordenação e motoras, além de problemas na organização, planejamento e na linguagem.  "A pessoa às vezes tem algumas alterações nas funções mentais, mas ainda realiza as suas atividades do cotidiano. A demência só é diagnosticada quando começa a existir um prejuízo na funcionalidade, ou seja, esta pessoa passa a precisar de ajuda em muitos aspectos da vida, e isto costuma  aumentar com o tempo", ressalta o psicogeriatra. Em alguns casos, a pessoa afetada pelademência pode ter alterações de comportamento, inadequação social, paranoia, alucinações, agitação.

Para diagnosticar a demência, o médico realiza uma consulta e diversas perguntas sobre o histórico clínico, sintomas e realiza o exame físico e neurológico. Com a avaliação neurológica, avalia-se o movimento, os sentidos, equilíbrio e reflexos. Com exames cognitivos e neuropsicológicos, é possível identificar as habilidades de linguagem, memória e orientação, e com a ajuda de exames de imagem do cérebro, é possível saber quais partes do órgão foram afetadas. Também podem ser solicitados exames de sangue para descartar causas reversíveis de demência.

O diagnóstico precoce é a melhor forma de lidar com a demência, pois ajuda a pessoa e a família a lidarem com esse problema. Ainda não existe cura, mas no caso do Alzheimer, por exemplo, o tratamento pode retardar a evolução do processo. “Um especialista deve ser procurado logo após os primeiros sintomas para ser avaliado e acompanhado. Existem casos que ficam bastante estáveis com o tempo, e outros evoluem para a demência. Além disso, o papel dos familiares é fundamental, pois são eles que acompanham o uso da medicação, além de lidarem com as dificuldades do dia a dia garantindo o bem-estar do paciente”, afirma Dr. Rafael.






Dr. Rafael Brandes Lourenço - psiquiatra do Hospital Estadual Mário Covas e especialista em medicina do sono e psicogeriatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).




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