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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Genética também contribui para doenças bucais



Filhos costumam herdar de seus pais o tipo sanguíneo e as características físicas. Mas também herdam doenças, principalmente as que derivam de mutações na sequência do DNA, de alterações nos cromossomos e da combinação desses fatores. Entre as doenças mais comuns que passam de pais para filhos estão: hemofilia, alguns tipos de câncer, depressão, diabetes, cardiopatias etc. Também problemas bucais podem ter um componente genético muito importante. É o que diz Artur Cerri, coordenador da APCD-IESP (Instituição de Ensino Superior e Pesquisa da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas).

“Mais do que a cor dos olhos e o tipo de nariz, a influência dos pais na vida dos filhos passa inclusive por uma propensão maior de enfrentar alguns problemas bucais. Ainda que os hábitos das novas gerações sejam melhores – em função da oferta de informação que temos hoje em dia –, é comum ver jovens enfrentando os mesmos problemas que seus pais enfrentaram alguns anos atrás. Isso é especialmente comum no que se refere a cinco problemas de saúde oral: desalinhamento dos dentes, gengivite, cárie, câncer bucal e fenda palatina”, diz o cirurgião-dentista.

Cerri explica que a fenda palatina, popularmente conhecida como ‘lábio leporino’, é um defeito congênito comum que resulta do mau fechamento do céu da boca ou ainda do lábio durante a formação do feto. “A descendência dessa criança que nasceu com fenda palatina terá mais chances de enfrentar o mesmo problema. Mas sabemos que esse tipo de ocorrência é mais comum em descentes de asiáticos, latinos e nativos norte-americanos”.

Por incrível que pareça, cárie e gengivite – que a princípio muita gente pode achar que são problemas exclusivamente derivados da falta de escovação apropriada – também têm um forte componente genético. “Pessoas que durante a adolescência e início da fase adulta enfrentaram muitos casos de cárie devem cuidar para que seus filhos recebam cuidados especiais desde cedo, como selantes e tratamentos à base de flúor. Isso sem contar que esse tipo de família não pode espaçar muito as visitas ao cirurgião-dentista para garantir uma boca saudável e livre de cárie. Já com relação à gengivite, cerca de 30% da população tem uma predisposição genética para doenças periodontais, tanto gengiva sensível, e que sangra com facilidade, quanto inflamações recorrentes. Por isso, diagnóstico precoce e revisões periódicas são fundamentais para manter a boca saudável”.  

De acordo com o especialista, também o desalinhamento dos dentes pode ser herdado de um dos pais. “Quem precisa usar aparelho deve sempre olhar em volta, porque irá encontrar casos semelhantes entre os parentes mais próximos. A genética sem dúvida exerce um papel importante na formação dos dentes, em seu tamanho, espaçamento e disposição. Portanto, se um dos pais teve de corrigir uma mordida cruzada, por exemplo, não deve se espantar se seu filho apresentar a mesma tendência. Ao contrário, essa informação deve contribuir para que a família busque ajuda de um ortodontista desde cedo para acompanhamento”.

Artur Cerri afirma que por fim, mas não menos importante, o câncer oral também deve acender um sinal de alerta em toda a família. “É claro que os maus hábitos de uma pessoa, como fumar e consumir álcool em demasia, são os principais ‘culpados’ pelo diagnóstico de câncer oral. Entretanto, a genética também exerce alguma influência. Sendo assim, quem teve um parente direto, como pai ou mãe, que enfrentou um câncer de boca, deve se submeter a um check up odontológico de seis em seis meses. A prevenção, neste caso, é a palavra-chave para garantir uma vida saudável”.




Fonte: Dr. Artur Cerri, cirurgião-dentista, coordenador acadêmico e de pós-graduação Lato Sensu e Extensão em Pesquisa da APCD-IESP – Instituição de Ensino Superior e Pesquisa da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas. http://www.apcdiesp.com.br/


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