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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Instituto IRIS doa quatro cães-guia para pessoas com deficiência visual





Na nesta sexta-feira (30/9), às 16 horas, quatro pessoas com deficiência visual estarão reunidas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para uma viagem especial. O quarteto embarca para os Estados Unidos para a última etapa de treinamento dos cães-guia destinados a cada um deles. A doação é resultado da parceria do Instituto IRIS com a ONG norte-americana Leader Dogs for the Blind, instalada em Rochester (Michigan). Parte dos recursos destinados à doação de cães-guia é o resultado da campanha de crowdfunding “Cão-Guia: quanto vale o seu olhar?”, lançada pelo Instituto IRIS.


“Há nove anos, eu não sei o que é cair na rua”, conta Liana Maria Conrado sobre a experiência de ser guiada pelo labrador Sirius. A cantora lírica integra o quarteto de pessoas com deficiência visual que embarcam para os Estados Unidos, nesta sexta-feira (30/9), para buscar os novos companheiros. Com Liana, viajarão o casal Genival e Kátia Santos – donos de Leila e Sam, respectivamente – que também aguardavam ansiosos a aposentadoria dos labradores; cães que durante anos permitiram uma rotina de independência. Marcelo Panico é o quarto membro da comitiva, que viajará na companhia de Moisés Vieira Júnior, instrutor internacional do IRIS.

Parte dos custos da doação e viagem está sendo custeada pelo Instituto IRIS, que arrecadou fundos via crowdfunding, pela plataforma Kickante. A campanha Cão-Guia: quanto vale o seu olhar? foi uma vaquinha virtual que possibilitou repor quatro cães para pessoas com deficiência visual que precisavam “aposentar” os guias atuais (após oito a nove anos de serviços prestados). O custo envolvido no treinamento é de cerca de R$ 35 mil por cão-guia.

“Essa é uma conquista muito importante, porque é muito difícil para uma pessoa que perde o cão-guia, por aposentadoria ou outro motivo, voltar à condição anterior após estar plenamente adaptada. É pior do que perder a visão”, afirma a cientista de dados Kátia Santos, que conheceu o marido Genival na viagem anterior, quando foi buscar o seu primeiro cão-guia, o labrador Sam. Agora, juntos e casados, retornam aos Estados Unidos para buscar novos companheiros.

Treinamento nos Estados Unidos
A parceria do Instituto IRIS com a ONG norte-americana Leader Dogs for the Blind permite a doação de cães-guia aos brasileiros, que precisam viajar para os Estados Unidos para um período de treinamento conjunto. São 26 dias de capacitação dos condutores com os novos cães-guia, um treinamento que tem o objetivo de adaptar ambos a uma nova rotina. Nesse período, o instrutor brasileiro Moisés Vieira Júnior ministra aulas, em português, que incluem conhecimentos sobre cuidados diários com os cães, trajetos (em cidades e zona rural) e condução.

A formação de um cão-guia é lenta, requer investimento, cuidados especiais e é um trabalho que só pode ser executado por profissionais especializados. Depois de formado, o cão-guia é entregue gratuitamente à pessoa com deficiência visual inscrita no IRIS. A proposta do Instituto, em médio prazo, é aposentar 10 cães-guia que precisam ser repostos – e entregar novos para pessoas com deficiência visual inscritas em uma lista que reúne 3 mil pessoas.

Segundo a advogada Thays Martinez, fundadora e presidente do Instituto IRIS, a organização tem planos de intensificar o treinamento no Brasil; nos últimos dois anos, o IRIS já treinou no país 10 cães-guia.

O Brasil possui 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual – 582 mil cegos e seis milhões com baixa visão, de acordo com o Censo 2010 conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IRIS, entidade sem fins lucrativos criada para promover a inclusão social prioritariamente das pessoas com deficiência visual por meio do cão-guia, estima que existam apenas 100 cães-guia no país.



LEADER DOGS FOR THE BLIND
Fundada em 1939 por três integrantes do Lions Club, a Leader Dogs for the Blind oferece cães-guia a pessoas com deficiência visual, tendo por objetivo melhorar a mobilidade, independência e qualidade de vida. Todos os anos, mais de 250 participantes são assistidos pelo programa de capacitação – composto por treinamento intensivo por um período de 26 dias nas dependências da organização, em Rochester Hills, Michigan (Estados Unidos) – para que possam se adaptar com o cão-guia. Única instituição do Hemisfério Ocidental a capacitar deficientes visuais e surdos para atuar com cão-guia, a Leader Dogs ministra, também, cursos destinados a melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência visual: mobilidade acelerada, capacitação para o uso do Trekker GPS, cursos de computação e seminários com especialistas em mobilidade. Com investimentos de empresas e voluntários, a Leader Dogs for the Blind conta com instalações compostas por residências para os hóspedes, centro de treinamento de cães-guias (Downtown Training Center), canil com capacidade para 310 animais e clínica veterinária. www.leaderdog.org.



IRIS
O Instituto IRIS, entidade sem fins lucrativos, foi fundado em 2002, em São Paulo (SP), com a missão de desenvolver atividades que acelerem o processo de inclusão social das pessoas com deficiência visual. A prioridade institucional é a difusão do cão-guia como grande facilitador do processo de inclusão. O Instituto é um dos poucos no Brasil com um instrutor reconhecido pela International Guide Dog Federation (Inglaterra), especialmente qualificado pela Royal New Zealand Foundation for the Blind – Guide Dog Services (Nova Zelândia) entre 1996 e 1999. www.iris.org.br


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