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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Estudos mostram desafios para o fim da violência na infância no Brasil até 2030




 ü  Dados apresentados no Seminário "Livre de Violência” em Brasília mostram que o custo das da violência física, psicológica e sexual contra as crianças chega a US$ 7 trilhões; 
ü  13,6% das meninas de 6 a 14 anos no Brasil trabalham ou já tiveram experiência de trabalho; 
ü  Evento é uma iniciativa das organizações Fundação Abrinq - Save the Children, Plan International Brasil, ChildFund Brasil, Visão Mundial e Aldeias Infantis SOS
Cinco organizações não governamentais com atuação internacional – Fundação Abrinq-Save the Children; Plan International Brasil; Visão Mundial; ChildFund Brasil; e Aldeias Infantis SOS – iniciaram nesta quinta-feira em Brasília um evento para discutir como é possível erradicar a violência contra a criança e o adolescente no País até 2030. O Seminário "Livre de Violência”, que vai até amanhã, 2 de julho, alerta que, a partir do ano que vem, tem início o prazo de 15 anos para que as nações de todo o mundo coloquem em prática os chamados “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS), por meio de iniciativas públicas e privadas. Os ODS reúnem 17 objetivos e 169 metas para a promoção, de forma justa e equitativa (integrando as dimensões social, econômica e ambiental) dos direitos da Criança e do Adolescente, conforme preconizado durante a Conferência Rio+20. O documento final será anunciado na 70ª Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2015 e, por isso, está sob o foco do movimento internacional da infância.
O Seminário "Livre de Violência” trouxe estudos que dimensionam esse desafio. Um deles, apresentado pela ChildFun Brasil, revela que o impacto econômico da violência contra criança pode chegar a US$ 7 trilhões por ano no mundo. Já a pesquisa “Por Ser Menina”, mostrada pela Plan International, fala do contexto de direitos, violências, barreiras, sonhos e superações a partir do próprio olhar das meninas até 14 anos no Brasil. Seguem as principais conclusões dos estudos:

ESTUDO 1 
Impacto Econômico da Violência contra as Crianças 
ü  Os custos globais anuais da violência física, psicológica e sexual contra as crianças pode atingir US$ 7 trilhões; 
ü  Esse valor é maior do que o investimento necessário para prevenir a maior parte dessa violência; 
ü  Só com as piores formas de trabalho infantil, o planeta perde hoje US$97 bilhões, e a perda resultante da associação das crianças com as forças ou grupos armados podem ser de até US$ 144 milhões anualmente;

Tipos de violências

Cenário

Impacto Econômico





Violência Sexual

Os dados atuais indicam que até 50% das agressões sexuais em todo o mundo são cometidas contra as meninas menores de 16 anos (UNFPA e UNICEF, 2011), com uma estimativa de 1,8 milhões de crianças sujeitas ao comércio de exploração sexual e de imagens de abuso de crianças.

Os custos com assistência médica ao longo da vida, ao lado da possibilidade de gravidez precoce e níveis mais baixos de educação relacionados. Por sua vez, isto pode levar ao absentismo laboral e declínio da produtividade no trabalho como resultado dos problemas de saúde.




Violência Física ou Psicológica

Pesquisa da UNICEF (2006) indica que mais de 275 milhões de crianças em todo o mundo estão expostas à violência em casa, embora as limitações de notificações signifiquem que milhões a mais podem estar afetadas. 

Os custos reais resultantes da violência são baseados em respostas comportamentais das vítimas (ONU, 2005) e a disponibilidade dos serviços, alterando significativamente os custos diretos e indiretos para as vítimas e os prestadores de serviço.






Trabalho infantil perigoso

No geral, calculam-se que cerca de 5,4% das crianças em todo o mundo estão envolvidas no trabalho perigoso (OIT, 2013) com uma estimativa de 85,3 milhões de crianças de cinco a 17 anos trabalhando em condições perigosas em uma variada gama de setores, tais como mineração, construção civil e agricultura. Os índices do trabalho infantil são altos na região da Ásia do Pacífico. Em Bangladesh, o trabalho perigoso responde por 63% do emprego entre crianças de cinco a nove anos de idade, 56% entre 10 e 14 anos e 57% entre 15 e 17 anos (UCW, 2011).

As piores formas de trabalho infantil resultam na escravidão da criança, separação da família, exposição a graves perigos e doenças, e isolamento – frequentemente desde uma idade muito tenra, levando a consequências adversas para a saúde da criança, à exposição a outras formas de violência e a consequências para suas futuras atividades de geração de renda.





Crianças associadas com as forças ou grupos armados

A estimativa atual do número de crianças associadas com as forças ou grupos armados variam entre 250.000 e 300.000 crianças (ONU, 2000), embora este número provavelmente seja uma subestimativa. Os custos econômicos das crianças associadas com as forças ou grupos armados são múltiplos e complexos. Pode haver um aumento de risco da exploração sexual e violência contra meninos e meninas, ao lado de um aumento potencial do tráfico de crianças, violência psicossocial e formas extremas de trabalho infantil.

Como resultado, os custos podem estar relacionados com o tratamento de curto e longo prazo, impactos psicológicos, efeitos secundários, incluindo perda de produtividade e renda ao longo da vida, e morte. Nos contextos de emergência em geral, os riscos de violência contra as crianças variam de país e dependem de inúmeros fatores, tais como o número de crianças afetadas, a capacidade do país de responder e a força das instituições do estado.

  Fonte: ChildFun Brasil

ESTUDO 2 
“Por Ser Menina no Brasil: Crescendo entre Direitos e Violências” 
ü  O objetivo verificar o contexto de direitos, violências, barreiras, sonhos e superações a partir do próprio olhar das meninas. 
ü  As entrevistas foram realizadas nas capitais dos estados do Pará, Maranhão, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, numa amostra de 1.609 meninas de 0 a 14 anos.
Quem Cuida de Você?
A presença massiva das mães no cuidado das filhas, mesmo quando estas trabalham fora, é um indicativo da dupla ou tripla jornada da mãe.
Mãe
76,3%
Pai
26,8%
Padrasto
3,6%
Madrasta
0,9%
Irmão
4%
Irmã
6,6%
Avô
7%
Avó
15,6%
Outro
5,6%
Não Respondeu
3,4%
Fonte: Plan International Brasil

Onde você fica em períodos extraescolares?
Das meninas que frequentam a escola, enquanto a grande maioria das meninas ficam “em casa mesmo” (78,9%), ou na casa de parentes/amigos (32,8%), ou na própria escola (17,9%) – o que pode ser indicativo de participação em atividades extracurriculares ou jornada escolar ampliada – apenas 28,9% dos irmãos homens ficam “em casa mesmo”, 13,1% fica na casa de parentes/amigos, 11,9% “na rua” e apenas 5,6% fica “na escola”.
Você realiza atividades e afazeres domésticos?
Enquanto arrumar a própria cama (81,4%), lavar a louça (76,8%), limpar a casa (65,6%), pôr a mesa (54,3%) e jogar o lixo fora (54,7%) são atividades corriqueiras para as meninas (indicadas por mais da metade delas), elas são realizadas por uma minoria dos seus irmãos homens. Segundo informações oferecidas por elas: 11,6% deles arrumam a própria cama, 12,5% lavam louça, 11,4% limpam a casa e o mesmo percentual coloca a mesa e 20,8% deles jogam o lixo fora. Maiores percentuais de meninas realizando as atividades domésticas foram verificados para praticamente toda a lista de atividades oferecidas pela pesquisa, mesmo para aquelas atividades outrora reconhecidas como tipicamente masculina como cuidar dos animais, levar comida na roça, buscar água na bica/poço.
Você acha que meninos e meninas têm os mesmos direitos?
As respostas afirmativas para este questionamento alcançaram, em média, um pouco mais da metade das meninas da amostra-escola (56%). Contudo, vale registrar que quase 40% das meninas responderam negativamente à questão, num claro indicativo de que para elas os direitos entre meninos e meninas são, na prática, desiguais.
Você trabalha?
Das que estavam trabalhando no momento da pesquisa, o maior percentual delas afirmou estar realizando trabalho doméstico na casa de outras pessoas (37,4%), seguido pelo trabalho no comércio (lojas, mercados etc.), com 16,5%.
“Não gosto de ser menina”
Um percentual de 7,5% das entrevistadas declarou não gostar de ser menina. A observação dos dados separados por tipo de escola que elas frequentam revela um maior percentual da resposta “Não Gosto de Ser Menina” para aquelas que frequentam escolas públicas rurais (9,8%) e urbanas (8,1%) em relação aos números registrados pelas meninas da escola urbana particular (2,5%).

Seminário LIVRE DE VIOLÊNCIA - Brasil em 2030 
Dias: 1 e 2 de julho (quarta e quinta)
Horário: das 9h às 18h
Local: Centro de Eventos e Convenções Brasil 21 - SHS Quadra 06, Lote 01, Conjunto A - Setor Hoteleiro Sul, Brasília (DF)


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