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sexta-feira, 20 de março de 2015

Vampiros e alquimistas





Vampiros! Quem nunca ouviu falar nestes seres estranhos que povoam as lendas de todo o mundo? Nunca saberemos ao certo se realmente existiram ou se foram histórias que sobreviveram aos séculos. O que constatamos é que certos mitos têm o poder de atravessar fronteiras inimagináveis, sem mudar a sua forma primitiva. O vampiro, tendo existido ou não, tem este poder! Ele não desapareceu nas cinzas do tempo e chegou até nossos dias. Ele sobreviveu às santas cruzadas e às fogueiras da inquisição. Ele passou por duas guerras mundiais, e caso aconteça uma terceira, ele é um sério candidato a ser um sobrevivente. Será ele o elo perdido entre o homem mortal e o imortal?
Vampiro! Ser enigmático que pode representar o verdadeiro mal, mas que traz dentro de si o dom da imortalidade e do poder que a humanidade tanto busca. E os antigos alquimistas? Estes enigmáticos estudiosos precursores da Química passaram a vida procurando o elixir da imortalidade e a pedra filosofal que teria o poder de transformar tudo no mais puro ouro. Na verdade, o que buscavam realmente era a sua transmutação pessoal e, com ela, a imortalidade e uma forma de deixar de lado a condição de pobres humanos, cheios de fraquezas e doenças. Eles buscavam o poder da vida eterna.
Vemos ao longo da História o mito do vampiro, o imortal amaldiçoado, e o alquimista, pobre mortal obstinado a desvendar o código da imortalidade. Na verdade, um busca o que o outro já possui e nesta busca, nenhum deles é feliz.
Os séculos se passaram e ambos desapareceram ou se esconderam dos simples mortais.
Vampiros e alquimistas! Terão um dia se encontrado? Se um dia qualquer aconteceu este encontro, podemos imaginar um diálogo entre eles:
Vampiro! Você tem aquilo que eu tanto busco! Por outros caminhos, por maldições, não importa! Você a tem! Diga-me, qual é a senha para abrir a porta da imortalidade?
Para que você a quer, Alquimista? O que pensa fazer com ela, caso a encontre? Eu a tenho e sou um infeliz, apesar de imortal e poderoso. Eu busco a paz da morte e a benção do esquecimento. Busque outras coisas, busque viver melhor, busque a felicidade, não importa se por pouco tempo. A imortalidade com doenças, inimizades, desigualdades e fome ao seu lado é um castigo. Todo meu poder é um verdadeiro inferno, acredite. Viva intensamente e descanse quando chegar a sua hora.
O Alquimista pensou longamente antes de responder:
Você tem razão! Eu nunca tinha pensado desta forma! Eu estava enganado e você me mostrou o erro. Você me abriu as portas para a verdadeira busca. Agradeço e espero que encontre a felicidade um dia, meu amigo! A vida eterna sem ela é um castigo.
Besteiras? A História nos mostra alquimistas procurando a imortalidade e lendas sobre vampiros imortais. O que se sabe é que ambos desapareceram. Se existiram algum dia e se houve este encontro, não importa; o que interessa é o ensinamento que ficou deste diálogo insólito, seja ele real ou imaginário.

Célio Pezza - colunista, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza

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